sábado, agosto 20, 2005

Hugo Pratt e Corto Maltese - o fim há dez anos







HUGO PRATT e CORTO MALTESE


Será possível já se terem passado dez anos após a morte de Hugo Pratt? Pois será, um cancro o levou a 20 de Agosto de 1995. Tinha nascido em Rimini, perto de Veneza - ele dizia-se veneziano, era o que sentia, em Veneza tinha passado uma fase importante da juventude -, estava-se em 1927, a 15 de Junho.

Passados quarenta anos e um mês, em Julho de 1967, Pratt vê iniciar-se a publicação de "A Balada do Mar Salgado", sua obra de referência - uma das mais importantes na História Mundial da Banda Desenhada -, na relativamente modesta revista italiana "Sgt. Kirk". Seria ali, portanto, o berço de papel e tinta do herói Corto Maltese.

Pratt traçou-lhe uma imagem elegante, deu-lhe perfil aristocrático, pôs-lhe um brinco na orelha. E aqui cabe perguntar: que outro herói europeu da BD, nascido em fins dos anos 1960, se atreveria a usar tal adereço? A única justificação que terá tido Hugo Pratt, perante a curiosidade dos bedéfilos mais conservadores, é que a mãe de Corto era uma charmosa cigana andaluza.
Outra característica da personagem, do foro psicológico, tem a ver com o seu gosto pelas viagens, mas essa foi herdada do pai, marinheiro inglês. Ou até do próprio Pratt...

Com efeito, Hugo Pratt sempre foi um cidadão do mundo. Nascido em Itália, ainda jovem viajou para a Etiópia, mais tarde foi trabalhar em BD para a Argentina, e de caminho vagueou pela América do Sul. Assim não espanta que a personagem Corto Maltese, seu "alter ego", tenha deambulado também por muitas paragens, China, Sibéria, Pérsia e, claro, Buenos Aires (veja-se Tango), tal como o seu criador.

Ambos chegaram ao fim, estamos agora a falar deles por se ter passado uma conta redonda, dez anos após o desaparecimento de autor e personagem.
Mas se Hugo Pratt não mais voltará, Corto Maltese ainda está ao alcance de um autor/artista da BD que consiga os direitos de o recriar. Sei de um português que atingiria a felicidade se o deixassem ser ele o continuador (não é verdade, Arlindo Fagundes?).
Mas valerá a pena?


2 comentários:

Anónimo disse...

Eu já estava à espera de um blog como este, há anos!
Eis que surge o sempre incansável, lutador e persitente Geraldes Lino, o homem que mais tenazmente divulga a Banda Desenhada em Portugal.
Um grande abraço para ti, Lino!
Pena é que, arredio da metrópele Ulissipo, vá conhecendo estas coisas a tarde e a más horas. Se não fosse a tua mensagem para o meu telemóvel sobre a próxima Tertúlio, nem sequer tinha conhecimento deste ciber-espaço.
Vou aparecendo,prometo!
Um grande abraço
Fernando Santos Costa

Anónimo disse...

O texto anterior seguiu à experiência - resultou! Daí, ter saído com algumas incorrecções, a que se chamam "gralhas". Mas bastou para eu aparecer e pedir a todos os amantes da Banda Desenhada que divulguem mais este esforço do Geraldes Lino; e participem neste fórum através do espaço para comentários que ele nos oferece.
Também peço a quem esteja mais próximo do patrono, para o ajudar a dar mais assiduidade às "postas" (nome esquisito para os textos aqui colocados, derivação galicista do termo inglês posts), por forma a trazermos todas as novidades para quem, como eu, quer tudo saber para tudo divulgar.
E, por falar em divulgar, tenho a dizer-te, Amigo Geraldes Lino, que saiu o meu último trabalho publicado em BD (a cores e em papel "couché") que é o primeiro de uma série de 6, com tradução em espanhol (castelhano) e inglês.
Tenho andado muito atarefado; daí a minha interrupção semanal na colaboração com jornais semanários, que tu conheces.
Acabei (fora do campo da BD, para desenjoar) o meu último romance (200 páginas) que segue no fim do mês para a gráfica.
Que é feito do Amigo Jorge Magalhães? Nunca mais me "passou cartão", mas estou sempre a considerá-lo como um dos que mais trabalharam em benefício dos autores e da BD nos últimos trinta anos.
Vai dando notícias.
Um abraço do
Fernando Santos Costa